Machado do Candomblé no TJ-SP: biblioteca do tribunal recebe 1ª obra na história que celebra cultura afro-brasileira
09/10/2025
(Foto: Reprodução) Machado será instalado na Biblioteca do TJ-SP
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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) recebeu nesta quinta-feira (9) a primeira obra de sua história dedicada à celebração da cultura afro-brasileira. A instalação inédita de um machado sagrado do Candomblé, símbolo de força, justiça e ancestralidade, marca um momento histórico de valorização das tradições de matriz africana dentro de uma das principais instituições públicas do país.
A peça foi criada pelo artista Diego de Oxóssi e faz referência ao Oxê de Xangô, o machado duplo que representa a imparcialidade e o equilíbrio — valores centrais tanto na tradição do Candomblé quanto no exercício da Justiça.
A obra ficará exposta em uma cúpula de madeira e vidro na biblioteca do TJ-SP, estrutura especialmente projetada para evidenciar o cuidado com a simbologia e a estética do ritual.
“Queremos que o Oxê de Xangô seja reconhecido como uma expressão artística e cultural de grande importância, celebrando nossas raízes e tradições”, afirma Diego.
O artista explica que a presença do machado sagrado dentro do tribunal reforça o diálogo entre tradição, arte e instituições públicas, destacando a importância da representatividade afro-brasileira em espaços simbólicos de poder.
“O Oxê de Xangô é mais do que uma escultura: é um gesto de reparação simbólica e de diálogo entre mundos. Ver esse símbolo do Candomblé ocupar um espaço de destaque dentro do Tribunal de Justiça é um marco de reconhecimento da força, da ética e da ancestralidade. É o sagrado sendo acolhido por uma instituição que representa a justiça, exatamente o domínio de Xangô", ressaltou Diego.
Xangô: símbolo de Justiça
Na cultura iorubá, Xangô, Orixá dos trovões e relâmpagos, é reconhecido por sua sabedoria, seu equilíbrio e seu comando. Considerado o guardião da justiça e protetor dos desfavorecidos, ele simboliza a luta contra as injustiças e a defesa da verdade.
O Oxê, seu machado duplo, representa neutralidade e equilíbrio, virtudes indispensáveis às cortes terrenas e celestiais presididas por Xangô. Sua presença em um ambiente judicial, como o Tribunal de Justiça, reforça esses princípios e reconhece o valor das expressões espirituais e culturais afro-brasileiras, por muito tempo marginalizadas.
Em dezembro de 2024, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) foi o primeiro órgão do Judiciário brasileiro a instalar um símbolo de matriz africana: o “Oṣẹ Mímọ́ Ṣàngó”, conhecido como Machado Sagrado de Xangô. Agora, o TJ-SP segue o mesmo caminho, ampliando o espaço de visibilidade para as tradições afro-brasileiras dentro do sistema judicial do país.
Machado Sagrado do Candomblé é obra do artista Diego de Oxóssi
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